VAMOS APRENDER PORTUGUÊS BRINCANDO?



quinta-feira, 17 de maio de 2012


Assistam ao lado esquerdo o vídeo de cima da música PAZ de Claudinho e Buchecha
6º ano Vermelho e Lilás

terça-feira, 15 de maio de 2012

TEXTOS PARA O 7º ANO BEGE E ALARANJADO
TEXTO I-                          Como comecei a escrever                   - Fernando Sabino
Quando eu tinha 10 anos, ao narrar a um amigo uma história que havia lido, inventei para ela um fim diferente, que me parecia melhor. Resolvi então escrever as minhas próprias histórias.
Durante o meu curso de ginásio, fui estimulado pelo fato de ser sempre dos melhores em português e dos piores em matemática — o que, para mim, significava que eu tinha jeito para escritor.
Naquela época os programas de rádio faziam tanto sucesso quanto os de televisão hoje em dia, e uma revista semanal do Rio, especializada em rádio, mantinha um concurso permanente de crônicas sob o titulo "O Que Pensam Os Rádio-Ouvintes". Eu tinha 12, 13 anos, e não pensava grande coisa, mas minha irmã Berenice me animava a concorrer, passando à máquina as minhas crônicas e mandando-as para o concurso. Mandava várias por semana, e era natural que volta e meia uma fosse premiada.
Passei a escrever contos policiais, influenciado pelas minhas leituras do gênero. Meu autor predileto era Edgar Wallace. Pouco depois passaria a viver sob a influência do livro mais sensacional que já li na minha vida, que foi o Winnetou de Karl May, cujas aventuras procurava imitar nos meus escritos.
A partir dos 14 anos comecei a escrever histórias "mais sérias", com pretensão literária. Muito me ajudou, neste início de carreira, ter aprendido datilografia na velha máquina Remington do escritório de meu pai. E a mania que passei a ter de estudar gramática e conhecer bem a língua me foi bastante útil.
Mas nada se pode comparar à ajuda que recebi nesta primeira fase dos escritores de minha terra Guilhermino César, João Etienne filho e Murilo Rubião - e, um pouco mais tarde, de Marques Rebelo e Mário de Andrade, por ocasião da publicação do meu primeiro livro, aos 18 anos.
De tudo, o mais precioso à minha formação, todavia, talvez tenha sido a amizade que me ligou desde então e pela vida afora a Hélio Pellegrino, Otto Lara Resende e Paulo Mendes Campos, tendo como inspiração comum o culto à Literatura.
Texto ex traído do livro "Para Gosta r de Ler - Volume 4 - Crônicas", Editora Ática - São Paulo, 1980, pág. 8.


TEXTO II -                                              A última crônica -                                                 Fernando Sabino
A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.
Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.
Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho - um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular. A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.
São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "Parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura - ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido - vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.
Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso."
Crônica publicada no livro "A Companheira de viagem" (Editora Record, 1965)
TEXTO SOBRE MAURICIO DE SOUSA PARA O 6º VERMELHO E LILÁS
Pai da Mônica, Mauricio de Sousa comemora 50 anos de
carreira
FABIANO RAMPAZZO
Você já viu um cachorro azul? E alguém que só faz comer e não engorda nunca? Será possível
viver sem nunca tomar banho? Já encontrou alguma vez uma menina de seis anos com a força de
10 homens? "Blincadeilas" à parte, qualquer pessoa que já leu alguma história da Turma da Mônica
conhece muito bem essas personagens e tantas outros que Mauricio de Sousa criou nos últimos 50
anos.
É isso mesmo, neste 18 de julho de 2009 o quadrinista completa 50 anos de carreira, data que
marca a publicação de sua primeira tira, em 1959. Naquela época, Mauricio era repórter policial do
jornal Folha da Manhã (atual Folha de S. Paulo), e a partir deste dia iniciava-se este que seria o
maior império dos quadrinhos no Brasil, com mais de 200 personagens e 1 bilhão de revistas
publicadas em todo o mundo.
Para quem não sabe, o primeiro personagem criado por Mauricio de Sousa foi o cãozinho Bidu.
Nesta simbólica e primeira tirinha, de 18 de julho de 1959, Bidu aparece com Franjinha e a história
não tem texto [verbal]. Por dez anos, Mauricio de Sousa teve suas tirinhas publicadas em diversos
jornais até que, em 1970, surgiria a primeira revista da Mônica, publicada pela Editora Abril.
Inspirada em uma das filhas de Mauricio, Mônica é uma personagem com força, não só na
personalidade, mas nos socos e coelhadas. E, como na vida real, não larga seu coelhinho de
pelúcia por nada. "Eu dizia quando ela tinha dois anos: 'Você não é a Mônica, uma coisa é a
personagem da revistinha, outra coisa é você'. Eu não queria que a minha filha fizesse essa
confusão e nem que se cobrasse por isso", conta o pai zeloso.
E parece que funcionou. Mônica, hoje com 49 anos, diz que durante sua infância chegou a pensar
que tinha a mesma força de sua homônima dos quadrinhos, mas os alertas do pai a ajudaram a
separar as coisas. "Durante a minha adolescência a personagem chegou a incomodar um pouco,
porque teve aquela campanha na TV, da Mônica com o Jotalhão para uma marca de extrato de
tomate, e todo mundo que me via perguntava, 'cadê o elefante?'. Fora isso, sempre convivi bem",
diz Mônica Spada e Sousa, a Mônica da vida real.
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