VAMOS APRENDER PORTUGUÊS BRINCANDO?



quinta-feira, 5 de junho de 2014

Pós graduação Gestão Educacional

1) Analisando as frases abaixo:

a) O Estado é uma instituição que está a serviço de todos.
b) Isto é legal, portanto, justo e legítimo.
c) A sociedade burguesa é formada por três tipos diferentes de proprietários: o capitalista (proprietário do capital); o dono da terra (proprietário da renda da terra); e o trabalhador (proprietário do salário). Se todos são proprietários, embora de coisas diferentes, então todos os homens dessa sociedade são iguais e possuem direitos iguais.

Podemos aplicar os seguintes conceitos de ideologia:
Nas frase num todo vemos que têm um caráter ideológico porque são representações que explicam normas, regras e preceitos que dão aos membros de uma sociedade uma explicação racional para as diferenças. Tentando apagar esses próprias diferenças de classe, instituindo um sentimento de identidade social de todos para todos.


Na frase A,
podemos aplicar o conceito de ABSTRAÇÃO porque não se refere ao concreto e sim ao parecer social, visto que, ao analisarmos vemos uma divisão, porque o Estado, na realidade, não está a serviço de todos. Há uma LACUNA  porque o Estado, muitas vezes, trabalha em favor das classes mais alta e se esquece das humildes e sem condição de lidar com tanta falta que o Estado deixa. Falta de moradia, saúde, educação e tantas outras. É também uma INVERSÃO, uma vez que, o Estado deveria ser para todos, por que só se preocupa com poucos?


Na frase B,
há uma INVERSÃO, porque vemos na sociedade atual que, às vezes, o ilegal passa a ser justo e legítimo. Uma LACUNA, uma vez que, uma pessoa é presa ilegalmente e a justiça considera justa e legítima a prisão e ela passa anos a espera de justiça. Também uma ABSTRAÇÃO porque não se refere ao concreto mas ao parecer social. As vozes da sociedade julgam justo e legítimo algo que não é legal. Por exemplo, querer que se libere o uso da maconha, que é ilegal, mas para o parecer social é justo e legítimo.


Na frase C,
todos os conceitos de ideologia poderiam se aplicados. Vemos uma ABSTRAÇÃO uma vez que observamos a divisão de classes sociais e os interesses contraditórios. O trabalhador é, realmente, dono do salário? A maior parte do que ganha é devolvido ao Estado em altos impostos. Aí vemos também uma INVERSÃO. Quando tentam iludir o povo dizendo que ele é, também um proprietário, notamos uma LACUNA, porque está subentendido.



2) Os provérbios de acordo com sua aplicação têm um caráter ideológico, afirma Sartre que “não conhecia coisa mais triste do que os provérbios”. Tem-se a ilusão de que eles pertencem ao indivíduo, mas na realidade lhe são impostos e o obriga a aceitar uma lógica vinda da sociedade, que se impõe frente à concepções pessoais. Por outro lado, quando se faz uso dos provérbios, pode-se dizer, portanto, que o provérbio constitui o discurso do outro. Quem o emprega tem seu dizer invencível, pois está apoiado em uma ideia tradicional estabelecida pelo senso comum, não refutada pela coletividade.


a) “em boca fechada não entra mosca”:
Desconfiam da linguagem. De acordo com esse provébio, deveríamos viver em sociedade calados e aceitarmos tudo que aparece sem questionar. A classe dominada não pode abrir a boca para protestar, reivindicar, lutar pelos seus direitos. Se forem trabalhadores de empresa particular, perderiam seus empregos, no Estado seriam punidos com perdas salariais, então é mais fácil aceitar tudo sem discutir, é mais cômodo, mesmo sabendo que outros colocam a cabeça a prêmio para alcançar alguma mudança.


b) “ feliz é quem só quer o que pode e só faz o que quer”:
uma limitação dos seus desejos, se os sonhos de uma pessoa estão limitados às que ela pode ter, ela não correrá atrás de melhorar, de ampliar os seus limites. Se você só pode ganhar 500 reais por mês, o provérbio diz que você deve se contentar com isso e ser feliz, mas e se você batalhar, fizer um curso a noite para ganhar mais? Esse provérbio limita isso, faz com que as pessoas sejam como gado, todos correndo atrás do vaqueiro para o próximo pasto! Também podemos observar uma inversão uma vez, que, mesmo quem  não faz só o que quer é feliz. O rico, que pode fazer tudo o que quer, é comumente infeliz, ele não consegue enxergar as coisas simples da vida.


c)” de grão em grão a galinha enche o papo”:
Não sejamos afoito, pegue só os grãos e apenas coma, não pegue mais nada. O senso comum diz isso. Mas a sociedade vive o contrário, quanto mais pega mais quer. Segundo o parecer social, o alto escalão usa o lema “quanto mais tem mais quer”, não se contenta no que é seu, tem que pegar o dos outros. Quanto mais dinheiro tem, mais quer e a desigualdade social não termina.


d) “Cada um por si e Deus por todos”:
Existe uma abstração porque deveríamos valorizar o trabalho social, isto é, todos em comum, ajudando uns aos outros e Deus para cada um. Vemos justamente o contrário, cada um corre para sua própria casa, sua própria vida, sem se preocupar com ninguém, colocando nas costas de Deus o fazer, que cada um teria. Este provérbio induz ao egoísmo, um sentimento menor que desumaniza e às vezes, animaliza o ser humano.


3) Nesse poema:

                      “Nós vos pedimos com insistência:
                       Nunca digam – Isso é natural!
Diante dos acontecimentos de cada dia.
Numa época em que reina a confusão,
Em que corre o sangue,
Em que o arbitrário tem força de lei,
Em que a humanidade se desumaniza...
Não digam nunca: Isso é natural!
                       A fim de que nada passe por ser imutável.” (Bertolt Brecht)


Podemos afirmar que se nós acharmos que todo acontecimento é natural, sem contraponto e possibilidades de alternativas, estaremos, na verdade justificando nossa alienação. O comodismo é a arma dos incompetentes. Não podemos nos conformar com as situação antinatural, não podemos aceitar quebradeiras como protesto, assassinatos em nome da democracia, violência ante uma reivindicação justa. Quando vemos uma quebradeira estamos diante da desumanização, uma descaracterização da sociedade justa, humanitário e igualitária que queríamos e que a lei nos permite ter.
Como afirma Bertolt Brecht “nada é impossível de mudar”. Assim sendo, Brecht, nos chama a atenção para os processos de mudanças em que todos nós somos responsáveis. Para ele as mudanças surgem da necessidade das exigências socioeconômicas e culturais. Nisso, o homem deve buscar seus direitos. Direitos que pressupõe racionalização para não se tornar um completo alienado em um sistema capitalista que exclui aqueles que não conseguem acompanhar as inúmeras “revoluções” que acontecem ao longo da vida dos homens.

Nenhum comentário:

Postar um comentário